Formação Política por Raça e Gênero

Formação Política por Raça e Gênero

Data alterada do curso: 11 jul 2020

Ser uma mulher negra trabalhadora traz nuances específicas para o reconhecimento de ser da classe trabalhadora. Entender o mundo do trabalho pelo olhar das diferentes identidades desmistificando uma categoria única de trabalhadores para categoria de trabalhadores que percebem de forma diferente as mudanças no mundo do trabalho por ocuparem diferentes marcas sociais. Considerando que cada marca traz em si uma história única de presença na construção da sociedade brasileira e não diferente na história do movimento dos trabalhadores e das trabalhadoras.

Uma grande dificuldade hoje consiste na consciência de classe. É preciso perceber-se trabalhador, assalariado para sentir o impacto da discussão que se faz entre correlação de forças dos donos do meios de produção e a massa trabalhadora do sistema capitalista. Sendo assim, é urgente a consciência de classe para o fortalecimento do coletivo de trabalhadoras e trabalhadores brasileiros. Por isso, realizar uma formação política para refletir o mundo do trabalho sem considerar a diversidade dos indivíduos significa correr o risco de o trabalhador e a trabalhadora não se sentir inserido(a) nos interesses no campo dos(as) trabalhadores(as). Isso se deve por falta de visibilidade de sua identidade no processo de construção de análises e interesses. Por exemplo: Por quê homens que estão em profissões consideradas ofícios femininos como o Magistério e a Enfermagem não conseguem perceber que as relações trabalhistas nessas profissões sofrem o olhar preconceituoso em torno da condição das mulheres na sociedade patriarcal? Profissões de cuidado e formação não são consideradas produtivas e reduzidas a atribuições da classe que não produz, só reproduz que é a classe feminina. Esses homens não conseguem entender que a forma de combater esse tratamento que fere direitos trabalhistas seria combater o próprio sistema patriarcal? Outro exemplo: Por quê 90% do emprego doméstico é destinado a mulheres e em grande quantidade a mulheres negras? E que por herança dos quase 400 anos de escravidão a empregada doméstica não pode lutar por garantias e direitos trabalhistas diante de uma naturalização social da relação servil de sua profissão?

Essas e outras questões com o devido recorte de gênero e raça devem ser refletidas numa formação que pretende politizar a classe trabalhadora numa perspectiva de consciência de classe para justificar uma postura de engajamento coletivo no local de trabalho.  Fazer parte de um coletivo requer que este tenha o reflexo da identidade a que se pertence.